Mesmo que não seja regra, normalmente temos algumas fases de choque cultural comuns a todo viajante.
- Fase da euforia: aquela fase em que você parece pinto no lixo. A fase das descobertas, onde o novo é surpreendente;
- Fase da negação: onde você começa a se tocar de que não está vivendo no seu ambiente e tudo começa a ser estranho para você. Começa a sentir falta da comida, dos lugares, das pessoas, da língua.
- E a fase da aceitação: quando você provavelmente já entendeu que precisa colocar a cara no sol e ter uma rotina. Fazer com que a cultura local faça parte de você.
Claro que essas fases não têm uma ordem para acontecer, comigo, por exemplo, a fase da negação foi a primeira. Mas, normalmente, você só consegue vivenciar tudo isso em viagens longas, quando tem tempo para estabelecer uma rotina de vida em um só lugar, viagens a passeio não são tão intensas assim.
Quando cheguei ao Panamá as coisas que mais me surpreenderam foram a segurança e o custo de vida relativamente barato.
Sempre que andava pela capital ou até mesmo pelo interior do país, não era difícil ver policiais por todos os lados. Por várias vezes vi comboios de policiais em motos com metralhadoras em mãos, simplesmente porque estavam em vigilância, não havia nenhum incidente. Mas ainda não acostumei com tanta segurança, é complicado. Moro em um bairro chamado Bethânia, um lugar super tranquilo onde vivem vários idosos, família muçulmanas, chineses e vários outros estrangeiros, onde as casas têm muros bem baixos e apenas uma porta “sem muita proteção”. É surpreendente para quem vem de uma das cidades mais violentas do Brasil (quiçá do mundo), conseguir se acostumar com tanta segurança e confiança no sistema de segurança local. Mas ainda acredito que vou fazer algumas burradas quando voltar ao Brasil.
Outra coisa pela qual qualquer um pode se apaixonar são os preços desse país, mas com a seguinte ressalva para os brasileiros, o dólar está absurdamente caro e é preciso economizar. Mas isso não é um problema para uma cidade onde você consegue andar de ônibus com ar-condicionado e uma placa eletrônica te dizendo a próxima parada por US$0,25, metrô à US$0,35 e táxi por no máximo US$5 para rodar a cidade por meia hora, sem esquecer que existem taxistas que adoram te cobrar bem mais caro, principalmente se você não falar nada de espanhol. Mas se você está no interior aí você estará no céu, pois te cobram US$1,50 para rodar a cidade, que são pequenas, mas que na capital sairia por volta de US$3.
No quesito vestuário então, muito mais fácil que comprar um livro ou um remédio. Aqui você consegue encontrar calças por U$5, sapatos por U$4 ou vestido para sair a noite por US$17. Claro que não são de marca, mas para quem não quer gastar muito, é uma ótima opção. A variedade de lojas de roupas é incrível, de todos os preços e para todas os estilos, vale muito a pena dar uma procurada pela cidade.
O único ponto de atenção aqui é a alimentação, os panamenhos não têm um hábito muito saudável, começando pelo café da manhã, o famoso desayno, regado de tortilhas, queijo, salsichas e sucos artificiais. A galera aqui não curte um estilo de vida muito natural pelo que percebi até agora. Mas mesmo assim, se você não se importa tanto com sua saúde, alimentação aqui não é tão cara.
E para os mais festeiros, todas as festas que fui até agora foram Open Bars, mulheres sempre com privilégios. A cultura de festas em uma das regiões mais famosas da cidade, nas proximidades da Calle Uruguay, onde paguei no máximo US$5 para entrar e bebida liberada até certa hora. Claro que existem baladas mais caras de US$15, mas estas são para quem quer realmente ostentar.
Em linhas gerais, o Panamá é um país com valores muito acessíveis para quem ganha em dólar, acredito que com US$700/800 por mês você consiga viver muito bem.
Por fim, é engraçado, mas com um mês de Panamá sei que vou sentir falta de muitas coisas e não é a toa que o consideram um dos melhores países para se viver depois da aposentaria. Vale a pena vir ao Panamá!