Sabe aquelas horas em que você se pega sonhando acordado? Tentando prever o futuro ou participando de uma cena romântica de uma das mil séries que você resolveu assistir ou daquele blockbuster que acabou de estrear no cinema, ao invés de estudar para aquela prova da semana que vem? Pois é, foram várias dessas visões que passaram pela minha cabeça enquanto escrevia sobre O Fantástico Mundo (2.0) de Bobby – e outras situações bem bizarras.
O mais interessante, talvez, foi enxergar a quantidade de vezes em que paramos no tempo e começamos a sonhar acordados e ver como isso faz parte de quem somos e da forma como influenciam nossas decisões.
Quando era criança, o que não me faltava era imaginação para deixar meus dias mais divertidos. Mas com a idade, vêm as responsabilidades e você acaba sendo massacrado pela quantidade de preocupações que te cercam. E sonhar acaba sendo julgado como algo muito infantil.
É engraçado pensar que nos nossos mais momentos íntimos, nos pegamos idealizando uma realidade mais agradável, e, por vezes , ilógica, apenas para fugir da verdadeira realidade em que vivemos. Mas ao mesmo tempo, é perigoso ficarmos presos ao irreal, apenas por nos trazerem um prazer maior que a nossa vida real.
Em Birdman, o personagem Riggan Thomson (Michael Keaton), é um ator em decadência que ficou conhecido por interpretar um super-herói que se tornou um ícone do cinema. Mas que após se recusar a gravar o 4º filme da série, começa a ver sua carreira entrar em crise e suas tentativas de se reerguer-se são inúteis. Ele passa então a ser perseguido pela voz do seu personagem mais famoso e começa a ter delírios com o personagem. [CONTÉM SPOILERS]
Ao fim do filme, Riggan se joga da janela de um hospital, acreditando poder voar, assim como Birdman. Por ter acreditado ser o personagem que o levou a fama, por não conseguir desapegar da necessidade de voltar a ter sucesso na carreira, o ator põe fim a sua vida por confundir realidade com ficção.
Mas se engana quem acha que sonhadores são meros fugitivos da realidade. Um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences diz que sonhar acordado pode estimular a criatividade e ajudar na solução de problemas.
No passado, sonhar acordado era muitas vezes considerado uma falha da disciplina mental, ou pior. Freud rotulou a característica como infantil e neurótica. Livros de psicologia advertiam que ela poderia levar a psicoses. Neurocientistas reclamavam que as explosões de atividade em exames do cérebro interferiam com seus estudos de funções mentais mais importantes.
Porém, agora que pesquisadores analisaram esses pensamentos desgarrados, eles descobriram que sonhar acordado pode ser consideravelmente comum – e, muitas vezes, bastante útil. Uma mente divagante pode proteger você contra riscos imediatos, e mantê-lo na direção ao buscar objetivos de longo prazo. (Fonte: Portal Terra)
Ilusão ou realidade, sonhar é uma válvula de escape que nos permite sair um pouco do marasmo e do caos dos nossos dias, além de nos ajudar a ser mais persistente em alcançar nossos objetivos. Sonhe a vontade, mas não fuja de quem você realmente. Afinal de contas, o que é a realidade, senão uma pitada do que sonhamos.
1 comentário
Ei Dea! Fui extremamente atraída pelo título dessa postagem. Entende-se, portanto, que eu também acho o mundo mais interessante dentro da minha cabeça.
Mesmo com as preocupações da vida adulta, eu ainda sonho muito acordada e tenho pela consciência de que faço isso como estratégia de fuga. Cheguei a conversar com um profissional da psicoterapia para saber se mais adultos tinham esse hábito e se isso era perigoso… Obviamente, ele me afirmou que não estou só e que tudo precisa ter limites (já esperava por isso). Mas, também me tranquilizou e falou que a mente (e eu estendo para corpo e alma) se beneficia mesmo dessas viagens que a gente faz 😀