“É engraçado que sempre que a gente sai acontece algo assim”. Foi a conclusão que eu e Gustavo chegamos depois de mais um episódio interessante em nossas vidas.
Semana passada o Gusta pediu que eu o ajudasse a comprar um novo celular, já que o dele não dava nem para o ladrão roubar. Decidimos ir ao shopping para fazer algumas pesquisas e paramos em um dos quiosques de venda. Fomos direto para o modelo que mais interessava, perguntamos o valor, mas sem pestanejar a vendedora (que aqui chamaremos de Ana, pois preferimos preservar a identidade dela) nos disse “Mas assim… eu não quero criar esperança, mas nós não estamos podendo fazer nenhuma venda”. E um diálogo longo e inquieto começou.
O quiosque estava há 4 dias sem realizar nenhuma venda, 2 dias sem energia e 2 dias com a máquina de registro das vendas sem funcionar, talvez por conta da falta de energia, mas sem confirmação. Sem pedirmos ou sinalizarmos que queríamos entender melhor toda a situação, ela começou a falar sobre todo o impacto daquilo em sua vida, sobre terem de comparecer ao trabalho mesmo sem poder trabalhar, sobre não saber o que aconteceria nos próximos dias e como isso a estava deixando preocupada, sem falar de todos os seus problemas pessoais, filhos e contas a pagar.
Saímos de lá sem saber o que falar, mas desejando revê-la com toda a situação resolvida. Não sabíamos o que falar um para o outro e não tinha muito o que sentir, senão susto de tudo o que essa história nos causou. Susto por não estarmos preparados para ouvir uma história cotidiana, de mais uma pessoa que passa pelas nossas vidas, às vezes sem nos darmos conta de que ela tem uma vida.
Se fizermos um comparativo, hoje às redes sociais estão repletas de máscaras, pessoas felizes a todo o tempo nos fazendo pensar que somos os únicos problemáticos, os únicos com preocupações cotidianas. Tudo isso nos fez pensar em como a vida passa e não a percebemos. É engraçado, mas o ser humano às vezes se esconde em um belo sorriso para mascarar seus próprios problemas, não porque ele queira, mas às vezes “se faz necessário”.
Pensando por um lado mais “profissional”, quantas vezes já deixamos de perguntar ao nosso colega de trabalho ou até mesmo ao nosso chefe, àquele professor muitas vezes estressado ou à tia do café, algo sobre suas vidas ou um simples “Como vão as coisas?”. Precisamos parar e respirar às vezes, ver o que o mundo está tentando nos dizer, ver o que as pessoas estão tentando nos mostrar. Um pouco de água e atenção não se nega a ninguém.
Texto escrito em colaboração com o Gusta .
1 comentário
Infelizmente, estamos perdendo o interesse no próximo, nas pessoas que nos rodeiam. E isso nos faz perder a sensibilidade de perceber que o outro precisa de ajuda.
Tenho uma amiga a qual gostamos muito de botecagem (palavra criada para beber e jogar papo fora em mesa de bar), e o engraçado que observamos situações onde a mesa é repleta de gente que não conversam e ficam no celular, e na maioria da vez perdem as situações que os rodeiam, e isso faz com que as relações pessoais fiquem mais no âmbito das redes sociais, onde todos são felizes, do que na vida real.
Sinto um pouco a falta de uma conversa de olho no olho, leve e descontraída de novas amizades, que preferem as redes sociais.
Não sei se fugi um pouco do tema do texto, mas queria expressar isso! 😉