Quando somos crianças sempre somos encurralados com perguntas de coisas que não temos a mínima ideia da resposta, mas que respondemos com uma convicção de alguém bem mais experiente.
Conheço pessoas formadas e bem mais velhas que eu, que ainda possuem infinitas dúvidas sobre qual caminho seguir. E é completamente normal, já que muitos buscam por uma profissão/carreira e não por um estilo de vida.
Um amigo muito próximo, músico há bastante tempo, decidiu o caminho que queria seguir desde os 16 anos, quando começou a tocar violão e acompanhar seus ídolos. E mesmo sabendo que não era uma decisão fácil, começou a moldar sua carreira para a música. É formado em Marketing e Propaganda e como ele mesmo diz “Nunca fui músico teórico estudado, Só teimosia e feeling”. Hoje é um dos músicos mais conhecidos de São Luís. O segredo aqui foi conseguir moldar as atividades que gostaria de fazer enquanto músico, saber criar as oportunidades que lhe proporcionassem um estilo de vida que se encaixasse com os seus desejos e claro, dedicação e persistência. A carreira de música e futuro produtor musical veio como consequência.
Por outro lado, não é tão simples decidir tão cedo a carreira que se quer seguir. Vestibular/ENEM talvez sejam os períodos em que os jovens mais se perguntam o que querem ser, o que querem fazer. Mas nem sempre escolhem por área de afinidade, muitas vezes escolhem o curso que os pais querem, ou continuam seguindo a área dos pais ou escolhem qualquer coisa só para não ficarem fora do mercado de trabalho.
No Brasil, e falo apenas a nível nacional, por que não conheço bem outras realidades, a quase obrigatoriedade de estar em uma universidade logo após o Ensino Médio confunde a cabeça de muitos jovens e impede uma reflexão mais realista, impede que eles tenham tempo para se conhecer melhor e decidir qual caminho seguir. Se posso dar uma dica é: faça intercâmbio ou trabalhos voluntários antes de escolher qual curso fazer, isso ajuda a entender melhor que carreira seguir.
Para aqueles que já estão cursando algo, passem o tempo necessário dentro da vida acadêmica. Sou formada em Ciência da Computação e demorei 6 anos para me formar. Não me arrependo, teria feito tudo de novo ou ainda mais. Tentei me envolver em todas as oportunidades que a vida acadêmica pôde me proporcionar: Centro Acadêmico, Movimento Junior, trabalho voluntário que não tinha tanta relação com meu curso, estágios com diferentes atividades e teria feito mais se entendesse melhor as oportunidades que me surgiam. Por essas e outras não vejo muita vantagem em adiantar as disciplinas de um curso, deixar de aproveitar as oportunidades de autoconhecimento que surgem ao longo do caminho, deixar de descobrir habilidades que você não conhecia. Afinal de contas, o mundo está cheio de pessoas que se formam e não continuam na sua área de formação. Mesmo que depois de um tempo você decida mudar de área, faça isso dentro da universidade, se conheça um pouco mais antes de mergulhar no mercado de trabalho.
Aos que já estão formados e não satisfeitos com suas atuais ocupações ou formação, bom… essa é a real consequência de não termos feito tudo aquilo que falei até agora, de não termos dado oportunidade de autoconhecimento. Mas nada está perdido, pelo contrário, é quando achamos que está tudo errado que temos a oportunidade de reverter e crescer ainda mais.
Fato é que não existem pessoas 100% satisfeitas em suas ocupações, e abro um outro ideia aqui: nunca tenha apenas uma ocupação em sua vida. Faço citação à um texto muito interessante do Leonardo Silveira – A importância de projetos paralelos. Ele fala um pouco de como podemos nos satisfazer pessoal e profissionalmente trabalhando com duas atividades distintas, nem que seja uma paga e outra voluntária, ou até uma atividade física ou musical, o importante é que você consiga fazer com que habilidades diferentes sejam satisfeitas em uma rotina diária e que pode proporcionar outras oportunidades. Só não esqueçam de seus amigos e família, por favor, eles também fazem parte da sua felicidade.
Aos que não estão na carreira que querem seguir, nunca é tarde para mudar de vida. Não é algo fácil, pois mudar de área de trabalho tem de ser algo cuidadosamente decidido. Você não precisa procurar por um novo emprego, você precisa se conhecer mais, entender quais são suas habilidades, suas falhas e então entender o que te traz satisfação . Tente descobrir seu caminho e o que você precisa melhorar para conseguir segui-lo, o que ainda precisa ser aprimorado e o que merece ser mais valorizado em você.
E o mais importante: não pense que toda a jornada até então não serviu de nada, todas as experiências e pessoas que você conheceu vão te ajudar a montar um caminho que te traga paz interior, que te aproxime cada vez mais de quem você realmente é e que te ajude a realizar novos sonhos.
http://www.youtube.com/watch?v=-A7DBdfZ8nU
3 Comentários
Ótimo texto Dea.
Até pouco tempo notei que eu não tinha nenhuma outra ocupação, a não ser casa para o trabalho e do trabalho para universidade, e isso foi me deixando impaciente, agoniado, ansioso. Pois o sentimento de está preso aquela rotina estava me consumindo.
A partir do momento que uma amiga me incentivou a procurar outras coisa, fui descobrindo qualidades como fala, escrita, musicai e funciona até para esquecer o stress do dia a dia.
E a cada dia vou botando essa novas qualidades no meu dia a dia, e vejo o quanto isso tem me feito bem.
Fico feliz que você esteja conseguindo encontrar teu caminho Oliveira Neto. Dar valor a si mesmo é a melhor coisa que alguém pode fazer.
[…] Só basta descobrir o que faz seus olhos brilharem! […]